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quarta-feira, 20 de março de 2013

CABINE C

Um dos grandes Grupos de rock dos anos 80. Suas músicas foram bastante executadas na Rádio Fluminense FM entre elas: Pânico e Solidão, Tão Perto, Neste Deserto e Fósforos de Oxford. Lançaram um disco Fósforo de Oxford com onze trilhas: 



01) Pânico e Solidão
02) Lapso de tempo
03) Anos
04) Jardim das Gueixas
05) A queda do solar de usher
06) Lágrimas
07) Opus 2
08) Tão perto
09) Soldados
10) Neste Deserto
11) Fósforos de Oxford 
  
CIRO PESSOA - Voz, guitarra e violão 12 cordas 
ANNA RUTH - baixo 
WANIA FORGUIERI - teclados
MARINELLA 7 - bateria 


Patrocinado pela banda de maior sucesso no país — o LP do Cabine inaugura o selo em que o RPM vai investir os trunfos de seu prestígio —, um dos grupos prediletos dos porões paulistanos parte para enfrentar o grande público

        Fósforos de Oxford - Título do primeiro LP do Cahine C — talvez os tire da obscuridade. Depois de passar dois anos navegando pelas tortuosas agitas do underground paulistano, o grupo aportou no recém- inaugurado selo RPMI e agora parte não se sabe para onde... Vamos ser jogados aos leões. Não sabemos se vamos domá­los ou ser comidos, diz Ciro, vocal e guitarra da banda. 

        A dúvida é plausível. Afinal algum ouvido menos educado poderia, de cara, tachá-los com aquela palavrinha que tanto tem incomodado os que têm um mínimo de informação: dark. A bem da verdade, o som do Cabine pode parecer sombrio, o que é determinado, principalmente pelos arranjos, letras e voz dc Ciro Pessoa. Ele olha sóbrio para a questão e responde: Faz parte da natureza da minha arte. Sempre foi desse jeito.

        O Cabine define assim sua estetíca musical: A gente obedece a um certo clima que cada instrumento evoca — uma escala das cores diz Marinella 7. Cada música tem um momento redondo: o nascer e o anoitecer do dia... Branco, amarelo, lilás, azul completa Vãnia, gosto do nome — Fósforos de Oxford que dá uma luminosidade às idéias: à luz de fósforos, emenda Anna Ruth.

        O nome do grupo remete à cabine "C" de um navio que parte... "E percorre um roteiro. Passa pelo Oriente Médio na música que dá título ao LP: Buenos Aires no tango Lapso de Tempo: ou Japão através de Jardim das Gueixas fala Ciro. Vânia brinca: A gente sempre leva a bússola para não se perder . De outro lado, têm-se as referências literárias fortemente presentes neste repertório. Edgar, Allan Poe inspirou versos e um conto seu deu titulo a uma musica: A Queda do Solar de lsher”. Do Oriente, Nagarjuna, autor anterior a Buda, deu a tonalidade em "Neste Deserto”. Fora esses imortais, aparecem, vivinhos da silva: Akira S, criando um timbre todo especial com seu stick em Jardim das Gueixas, e Fernando DeIuqui, contribuindo com uma guitarra rascante em ‘Tão Perto”. Luís Schiavon mostrou ser um bom produtor, não interferindo na sonoridade original do grupo.

        Dos tripulantes desse navio, talvez o mais conhecido seja Ciro Pessoa (vocal;guitarra;letras). Isso porque, sem dó, ele foi instituído ídolo dark local pelo caderno cultural de um diário paulista no que saiu à caça de, ‘figurinhas” para suas matérias de primeira página. Quem viu e sabe do assunto se assustou ao ver a cura de Ciro tomando quase que a página toda, e o letreiro enorme: DARK. Melhor nem lembrar este tipo de incidente, para não despertar os falsos vampiros... (fora isso, Ciro também já fez parte dos Titãs). Anna Ruth (ex-Akira S, baixo) parecia mostrar alhos e crucifixos quando, ao ouvirmos todos juntos a fita deste LP, envergava o corpo numa coreografia sensual... - ‘Ela é nossa professora de dança”, sorri Ciro. Quem segura as baquetas é Marinella 7, de formação erudita, bem aparente no som do Cabine. Vânia fica com os teclados, criando climas bem peculiares e de rara competência. Ao contrário dos atuais tecladistas, que impoêm timbres grandiloqüentes, Vânia se apropria dos espaços, de forma sutil e económica.

        Além deste LP e a intenção de cair na estrada com um show bem produzido necessário para que os climas “redondos” fiquem bem visíveis — o Cabine já está testando outras sonoridades. “O som está mudando. Não sabemos ainda para onde vamos, mas é uma coisa natural mudar, se aprimorar. E isso está acontecendo com cada um de nós. Daqui a pouco vamos saber o que é”, explica Vãnia. Enfim, tudo está ainda meio nebuloso. Mas logo as nuvens se dissiparão, mostrando o próximo porto — uma inspiração a mais. Já em terra firme, a conclusão poderia ser: "Os tigres que já enfrentei agora cuidam de mim", como diz Ciro em "Jardim das Gueixas".

Revista BIZZ - 1983 - Sonia Maria


LETRAS

Pânico e Solidão

Passageiro de um navio perdido em alto mar
olha pela estotilha o mundo se afastar
Precisa de continente para lhe abrigar
jatos cruzando os ares invadindo os ceus
busolas de precisão não sabem lhe dizer
em que ponto do oceano em que eu foi se perder
Rádios em dissintonia tentam lhe dizer
existem muito poucas chances de sobreviver
panico e solidão a bordo do navio

Passageiro de um navio perdido em alto mar
olha pela estotilha o mundo se afastar
Precisa de continente para lhe abrigar
jatos cruzando os ares invadindo os ceus
busolas de precisão não sabem lhe dizer
em que ponto do oceano em que eu foi se perder
Rádios em dissintonia tentam lhe dizer
existem muito poucas chances de sobreviver
panico e solidão a bordo do navio

Panico e solidão 
panico e solidão
a bordo do navio

Panico e solidão 
panico e solidão
a bordo do navio


Tão perto

  
Nosso amor está aqui
longe perto de nos
não se perca uma vez 
não se perde um amor
não se acha um amor
não se acha um amor

entre coqueiros andei
e numa praia parei
agora vendo o mar posso dizer pra voce
um amor só se acaba 
se não se acha o amor
estou tão perto de tudo estou tão perto de nada
perto de tudo perto de nada
perto de tudo perto de nada

Nosso amor está aqui
longe perto de nos
não se perca uma vez 
não se perde uma amor
não se acha um amor
não se acha uma amor
entre coqueiros andei
e numa praia parei
agora vendo o mar posso dizer a voce
um amor só se acaba se nao se acha o amor
estou tao perto de tudo perto de nada
perto de tudo perto de nada
perto de tudo perto de nada 
não vejo nada 
  

Lapso do Tempo 
  
Olho da janela 
Noites viram dias 
dias de chuva 
dias de sol 
olho da janela 
o tempo está passando 
medo e aventura 
no rastro desta espécie 
esquecimentos, mitos e glórias 
olho da janela 
o tempo está passando 
  
Lágrimas 
  
Você me quis 
quando eu te quis 
quando eu queria 
ter quase tudo 
e não sabia 
que algum dia 
eu só ia quere você 
o tempo voa 
neste romance 
e o tempo todo 
vou ao seu lado 
olhando tudo 
com os seus olhos 
quase não consigo mais ver 
lágrimas em frente à TV 
lágrimas em frente à TV 
lágrimas em frente à TV 
  
Neste Deserto 
  
Sei que te amo 
mas isto é pouco 
pode ser tudo 
mas tudo é nada 
neste deserto 
neste inverno 
meu corpo esfria 
melhor à noite 
mas noite é dia 
neste deserto 

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